Para começar, é bom saber que o filme aborda a história real do espanhol Ramón Sampedro, um ex-marinheiro que após sofrer um acidente de mergulho ficou tetraplégico e passou 29 anos sendo cuidado pelos seus familiares. Ele lutou pelo seu direito de “morrer dignamente”. Em 1993 seu caso foi levado aos tribunais para que pudesse ter o direito de lhe ser aplicada à eutanásia, porém teve o seu pedido negado. Após a sua morte, em 1996, foi entregue aos juizes uma carta escrita por Sampedro em que ele transmite a mensagem de que viver não é uma obrigação e sim um direito assistido a todas as pessoas.
Aborda um tema já amplamente discutido e bastante polêmico: a eutanásia. Geralmente muitas pessoas deixam de ver o filme por se tratar de um tema que gera um mal estar em todo mundo: a morte. Porém o diferencial do filme está justamente na forma como a história é contada. Por se tratar da morte, acaba por conseqüência nos fazendo enxergar à vida em toda sua singularidade e particularidade.
Uma arte dentro da obra de arte poderia se dizer que é a atuação de Javier Bardem como Ramón Sampedro.
Ficha técnica: (Mar Adentro, ESP, 2004), Direção: Alejandro Amenábar, Elenco: Javier Bardem, Belén Rueda, Lola Dueñas, Mabel Rivera, Celso Bugallo, Clara Segura, Joan Dalmau, Alberto Jiménez, Tamar Novas, Francesc Garrido, José María Pou, Alberto Amarilla, Nicolás F. Luna, Duração: 125 min.
Para quem é adepto ao gênero dramático esse é um filme que não deve ser deixado de ser visto. E não esqueça: prepare a caixa dos lencinhos de papel.
Segue o poema que encerra o filme:
Os Sonhos – Ramón Sampedro
“Mar adentro, mar adentro,
E na leveza do fundo,
Onde se cumprem os sonhos,
Juntam-se duas vontades
Para cumprir um desejo.
Um beijo incendeia a vida
Com um relâmpago e um trovão,
E em uma metamorfose
Meu corpo já não era meu corpo;
Era como penetrar no centro do universo:
O abraço mais pueril,
E o mais puro dos beijos,
Até sermos reduzidos
Em um único desejo:
Seu olhar e meu olhar
Como um eco repetindo, sem palavras:
Mais adentro, mais adentro,
Até o mais além do todo
Pelo sangue e pelos ossos.
Mas sempre acordo
E sempre quero estar morto
Para seguir com minha boca
Enredada em seus cabelos”.
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