Segundo filme do cineasta madrileño Fernando León de Aranoa, "Barrio" (Bairro, 1998, não lançado no Brasil), acompanha a trajetória de três adolescentes, Javi (Timy), Manu (Eloi Yebra) e Rai (Críspulo Cabezas), que vivem num bairro marginal de Madrid. É verão na Espanha e todo mundo parece ter dinheiro para viajar, menos as suas famílias. Com tanto tempo livre e nada para fazer, os três amigos se dedicam a falar de meninas, aventurar-se em pequenos problemas e entregar-se à ilusão dos seus sonhos de meninos. O mundo da delinquência parece ser o único que se abre para eles, enquanto em suas vidas ainda têm de lidar com problemas familiares, que não são poucos nem muito simples.Da filmografia de Aranoa, "Barrio" está longe de ser o melhor filme, mas é um bom representante do cinema social do diretor. O tema da solidão está mais uma vez aqui presente, e sua direção é sempre pautada no realismo, com poucos truques de câmara e de luz, mas uma forte influência na direção de atores e nos diálogos. Aranoa investe muito na interação entre os seus atores, que nem de longe parecem estar atuando. A linguagem "de rua" estabelecida nos diálogos é uma marca forte em todos os seus filmes, e em "Barrio" é talvez a sua estratégia mais forte de caracterização dos personagens.
Mas não é tudo que funciona em "Barrio". A trilha sonora é um tanto desequilibrada e atrapalha o ritmo do filme, assim como a escolha por abordar muitos e diversos temas de uma só vez, distoando um pouco o bom andamento do roteiro. De qualquer forma, pelo realismo e fluidez, é impossível não se render à proposta de "Barrio" e à riqueza dos seus três protagonistas. Apesar de seus probleminhas aqui e ali, o longa marca uma continuidade lógica à trajetoria cinematográfica de Fernando León de Aranoa, que viria a ser reconhecida muito em breve.
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