Já que o cinespaña falou do cineasta Julio Medem, decidimos, nesse post, apresentar um dos seus mais emblemáticos filmes, "La Ardilla Roja" (O Esquilo Vermelho, 1993), lançado no Brasil somente em VHS.Segundo filme do cineasta basco, "La Ardilla Roja"conta uma história sobre a natureza da ilusão e do amor, a partir da estranha relação que se estabelece entre Jota (Nancho Novo), um músico aposentado que sofre pelo abandono da namorada, com quem viveu quatro anos, e Sofia (Emma Suarez), uma misteriosa mulher que aparece na vida de Jota e na qual ele vê a oportunidade de re-esculpir a sua amada. O encontro entre Jota e Sofia se dá quando ela, fugindo na sua moto de uma perseguição de carro, cai em um precipício em direção à areia da praia, mesmo lugar onde Jota tentava se matar. O músico corre para socorrê-la e, ao perceber que a moça encontrava amnésica, aproveita para fazer de conta que é seu namorado e, a partir daí, constrói toda uma realidade na qual coloca todas as esperanças da sua vida.
Como em todos os seus outros filmes, o universo das ilusões, do amor e das casualidades é o que move "La Ardilla Roja". Medem utiliza mais uma vez as mesmas estratégias narrativas de seu longa anterior, "Vacas" (1992), mas dessa vez numa história que envolve uma série de complexidades e que é contada a partir de imagens metafóricas, jogos com os diálogos, relações internas de personagens muito interessantes e uma trilha sonora pontual e instigante. Tudo em "La Ardilla Roja" é cheio de detalhes que compõem a narrativa de modo poético e ao mesmo tempo agressivo. Também como em "Vacas", aqui é um animal que dá nome ao filme, um esquilo, o esquilo vermelho, principal metáfora do filme e que nos ajuda a entender melhor os personagens e suas relações entre si.
"La Ardilla Roja" não é um filme de gênero, é até mesmo difícil de definir, possui uma linguagem muito própria e ao mesmo tempo ousada. Mas a ousadia de Medem, aqui, é encantadora, principalmente por sua atenção em pequenas coisas que, juntas, fazem desse filme um primor da sua cinematografia. A trilha sonora, de responsabilidade de Alberto Iglesias, é um show à parte, pontuando muito bem os momentos metafóricos e oníricos da narrativa, sem a qual não funcionaria de nenhum modo. Destaque também para o elenco, praticamente todo advindo do seu primeiro filme, agora todos em papéis bastante diferentes, atestando seu talento. O destaque vai para Emma Suarez e Fele Martinez, impecáveis diante da loucura dos seus personagens.
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