O cineasta madrileño Fernando León de Aranoa é talvez um dos mais premiados cineastas espanhóis, contando com sua curta carreira. Diretor de somente quatro longas-metragem de ficcção (e um documentário), Aranoa recebeu pelo menos um Goya por cada um deles, sem contar prêmios de outros festivais espanholes e internacionais. Talvez seja pela sua escolha por temas "realistas", como gosta de dizer, filmes que se aproximem da vida real das pessoas reais. Aranoa sempre diz que seus filmes têm "afetos especiais", e não os "efeitos especiais" dos filmes hollywoodianos, dos quais não gosta muito.Seja como for, Fernando León de Aranoa desde o início se mantem fiel ao tipo de cinema que deseja fazer, em geral dramas que querem marcar um determinado momento da vida ordinária de personagens ordinários, no intuito de provocar reflexão sobre detalhes da nossa vida real de cada dia. Seu primeiro longa, "Familia" (1996), já deixa isso bem claro. O filme conta a história de um homem solitário que contrata a família ideal para celebrar seu aniversário. Sua opera prima lhe rendeu o Goya de Melhor Diretor, e no Festival de Cinema de Miami faturou ainda os prêmios de melhor filme e melhor ator (Juan Luis Gallardo).
Em 1998, Aranoa estreou seu novo filme, "Barrio", que acompanha a trajetória de três adolescentes que vivem num bairro marginal em Madrid. Mais uma vez o cineasta é estrela do Goya, com três prêmios: direção, roteiro e atriz revelação (Marieta Orozco). Em 2001, Fernando León de Aranoa dirigiu seu primeiro documentário, "Caminantes", antes de começar a rodar aquele que é talvez o seu mais bonito e expressivo filme: "Los Lunes al Sol" (Segundas-feiras ao sol, 2002). O longa trata de um problema que também existe na Espanha e é cada ano mais crônico, o desemprego. Um grupo de homens forçados a parar de trabalhar vive o dia-a-dia do desemprego e da dificuldade de disputar com os jovens um novo lugar no mercado. Estrelado por um magnífico Javier Bardem, o drama de Aranoa é de uma sensibilidade e ao mesmo tempo crueza que afeta e agrada.
E, claro, com "Los Lunes al Sol" não foi diferente, ganhou cinco prêmios Goya: melhor filme, diretor, ator (Javier Bardem), ator coadjuvante (Luis Tosar) e ator revelação (José Ángel Egido). Contando com o monte de prêmios que o filme levou mundo afora, esse foi definitivamente o filme mais festejado de Fernando León de Aranoa, e o único lançado aqui no Brasil. Foi exibido em algumas mostras por aqui (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília) e pode ser facilmente encontrado nas locadoras.
O último filme de Aranoa só foi lançado em 2005, "Princesas". O longa conta a história de duas prostitutas, uma espanhola e outra imigrante, e permeia as dificuldades que elas têm em viver a vida que levam. O filme enfoca também a questão da imigração, ainda que de modo quase imparcial, já que o diretor não dá maior voz a nenhum personagem que se manifesta sobre o assunto. "Princesas" toca em dois assuntos delicados ao povo espanhol, mas o longa se concentra muito mais em dar lugar às emoções de duas mulheres que não têm muitas perspectivas de vida, mas que não deixam nunca de sonhar. E os sonhos, os pequenos desejos, os detalhes da vida ordinária de cada dia é o que interessa a Fernando León de Aranoa ao construir seus personagens e criar suas bonitas histórias. Quantos Goyas o filme faturou? Melhor atriz (Candela Peña), melhor atriz revelação (Micaela Nevaréz) e melhor canção (Me llaman calle, de Manu Chao).
Em 2007, Aranoa participou de um filme em conjunto, produzido por Javier Bardem, chamado "Invisibles", uma série de curtas sobre problemas sociais com foco nos excluídos do mundo inteiro, ao lado dos cineastas Isabel Coixet, Wim Wenders, Mariano Barroso e Javier Corcuera. Seu curta se chama "Buenas Noches, Ouma", e retrata o drama de milhares de crianças da Uganda que caminham todas as noches tentando não serem sequestrados por soldados. O diretor impressionou ao abusar dos belos cenários naturais de Uganda e ao mostrar a história dessas crianças com toda a poesia, cuidado e expressividade característica da sua direção.
Assista ao trailer de "Princesas":
Um comentário:
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