sábado, 29 de setembro de 2007

Abre los Ojos

Em posts anteriores o cinespana trouxe um pouco de informações sobre as vidas dos atores Eduardo Noriega, Penélope Cruz e Najwa Nimri e hoje trazemos um filme em que eles atuam juntos: "Abre los Ojos" ou "Preso na Escuridão".

O filme é do ano de 1997, com direção do também espanhol Alejandro Amenábar. Roteiro de Alejandro Amenábar e Mateo Gil. Produção de Fernando Bovaira e José Luis Cuerda. No elenco grandes nomes: Eduardo Noriega (César), Penélope Cruz (Sofia), Chete Lara (Antonio), Fele Martinez (Pelayo), Najwa Nimri (Nuria), Gerard Barray (Duvernois), Miguel Palenzuela (Comissário) e Pedro Miguel Martinez (Médico-chefe). Classificado como suspense porém tem também uma certa dose de visão futurista ao estilo de Matrix.

O filme pode ser visto em uma refilmagem sob o título de Vanilla Sky (2001) com atuação de Tom Cruise como César e a própria Penélope Cruz novamente como Sofia. Tom Cruise comprou os direitos autorais do filme e foi feita uma refilmagem sob o argumento de que ele havia gostado muito do filme e gostaria que a história chegasse ao público estadunidense, que segundo ele não costuma assistir produções européias. Será mesmo?

César (Eduardo Noriega) vive em uma mansão, único herdeiro de pais que já haviam morrido e por isso dono de uma enorme fortuna. Um jovem muito bonito e também muito mulherengo, o tipo de homem que não consegue manter um relacionamento com uma mulher por muito tempo.

O sucesso de César, principalmente com as mulheres, vai despertar a inveja do seu melhor amigo, Pelayo (Fele Martinez). César namora com Nuria (Najwa Nimri) mas em uma festa acaba conhecendo Sofia (Penélope Cruz) e acaba se apaixonando, como nunca tinha acontecido antes por nenhuma outra mulher. Por ironia Sofia não lhe dá muita bola, mas ao longo de um jogo de conquista e sedução César consegue a afeição da moça.

Então nos perguntamos: e Nuria? Ai está o erro de César e essa será a pessoa que mudará toda a sua vida. Nuria é uma mulher por demais ciumenta e não concebe a idéia de César ter outra mulher que não seja ela. Desesperada, a ex namorada provoca um acidente de carro que lhe tira sua vida e provoca efeitos profundos na vida do seu amado. César também estava no carro quando Nuria comete suicídio batendo o carro contra uma árvore. O rapaz não morre, mas também não sai ileso do acidente: seu rosto foi desfigurado.

Além de ter sido vítima do acesso de raiva e rejeição de Nuria que lhe deixou uma marca profunda, César ainda terá que enfrentar as investigações policiais que o apontam como um assassino e ao ser julgado foi condenado. Os médicos dizem a César que por mais que tentassem não teriam como reconstituir seu rosto e lhe devolver a beleza roubada. O que deixa o rapaz arrasado.

Após um tempo os médicos informam que existe uma nova técnica que vem revolucionar a estética na medicina e seriam capazes de reconstituir o rosto do rapaz. Na penitenciária César se submete a diversas cirurgias e começa a se preparar para dar um novo começo à sua vida. Porém do nada ele começa a ter um comportamento estranho e o psiquiatra local fica intrigado com essa mudança de César. Ele começa a viver um pesadelo, Sofia resurge para lhe dizer que o ama e ele começa a ter visões que o atormenta e o deixa bastante assustado.

Será que César ficou louco? Ou será que outra coisa estava provocando isso nele? O cinespana quer saber a sua opinião. Para quem já viu nos deixe sua opinião, pra quem ainda não viu serve como indicação de mais uma ótima produção espanhola.

Fique agora com um trechinho do filme “Abre los Ojos”

domingo, 23 de setembro de 2007

Penélope Cruz

Hoje o cinespana traz uma atriz conhecida não apenas pelos interessados no cinema espanhol. Penélope Cruz Sánchez, nasceu em Madrid, na Espanha, no dia 28 de abril de 1974. Filha primogênita da família tem dois irmãos, Eduardo e Mônica, filha de Eduardo, um mecânico e Encarna Sánchez, uma cabeleireira. O seu nome foi uma homenagem de seus pais a uma canção sobre a espera de uma mulher por seu amado que eles adoravam do compositor espanhol Joan Manuel Serrat.
Apesar de ter nascido na Espanha fala quatro línguas: espanhol, italiano, francês e inglês. Fez 14 anos de balé clássico e três de dança espanhola. Aos 15 anos disputou um concurso contra 300 garotas por uma vaga como atriz para trabalhar em uma TV espanhola. E em 1991 estreou no cinema com o filme “El Laberinto Griego”.

No filme “Jamón, Jamón” de Bigas Lunas, quando tinha apenas 17 anos, fez cenas bastante ousadas para a pouca idade, o que a tornou um símbolo sexual na Espanha. Devido à repercussão das cenas protagonizadas resolveu não mais fazer filmes eróticos. Porém Penélope não tinha mais como fugir do destino certeiro como uma das estrelas mais sensuais de Hollywood. Afinal é dona de um corpo escultural que mantém sem dieta (come de tudo e batata-frita é o seu prato predileto), boca carnuda e feições delicadas, rapidamente ela iria construir os passos para o sucesso, dentro e fora da Espanha. Segundo Penélope o segredo da sua beleza e felicidade está nas incontáveis horas de sono, talvez uma justificativa divertida para poder fazer o que mais gosta no mundo: dormir.


Quando está acordada não dispensa uma música, dança ou boa leitura nos momentos de lazer. Penélope tem uma verdadeira adoração por animais, principalmente por gatos vira-latas, que costuma adotar e levar para suas casas, em Nova York e Madrid. Madre Teresa foi um de seus ídolos e guarda em sua casa de Madrid um rosário que ganhou da madre quando a conheceu em Calcutá quando foi lá para entrevistá-la.

Tornou-se vegetariana depois das filmagens de “Espírito Selvagem”, em 2000. Penélope foi a única atriz espanhola a atingir o estrelato nos Estados Unidos. E ela conquistou Hollywood de todas as suas formas, era freqüente vê-la em capas de revistas e em pouco mais de um ano já havia trabalhado com estrelas como Tom Cruise, Matt Damon, Johnny Deep e Nicolas Cage. Uma das regras básicas dela é não falar de sua vida pessoal, afinal tem um verdadeiro horror das fofocas que são publicadas constantemente sobre os atores pela imprensa. E ela mesma já foi vítima dessas colunas de fofocas, pois bastava trabalhar ao lado de grandes nomes do cinema que esses atores já viraram seus namorados. Foi assim com Matt Damon, Nicolas Cage e Tom Cruise. Com este último manteve um namoro de três anos discretíssimo e mantido a distância da imprensa.

Estreou em 1998 nos Estados Unidos com o filme “Terra das Paixões” de Stephen Frears, porém seu estrelato nos EUA só viria a acontecer um ano depois com o filme “Tudo sobre minha mãe” de Pedro Almodóvar. De quem viria a se tornar a queridinha. Almodóvar adora vê-la fazer papéis de dona de casa bem comuns e afirma que ela fica muito mais bonita sem maquiagem, de camiseta e jeans. E ela decididamente é a musa do diretor espanhol. Após “Carne Trêmula”, “Tudo Sobre Minha Mãe” e “Volver”, Almodóvar e Penélope se unem mais uma vez para um projeto ainda sem título definido.



Penélope já recebeu algumas indicações ao Oscar como melhor atriz, por “Volver” (2006) mas ainda não ganhou a sua hora. Porém fez parte de dois filmes que já ganharam a estatueta como melhor filme estrangeiro: “Sedução” e “Tudo Sobre Minha Mãe”.

A novidade que o cinespana traz sobre a atriz é que o seu nome está sendo cotado para interpretar a soprano grega Maria Callas no novo filme de Guido De Angelis, um produtor italiano. O filme será uma adaptação da biografia “Troppo Fiera, Troppo Fragile”, de Alsonso Signorini. O livro é um retrato de mulher com uma história de amor intensa e sincera. O que de imediato fez De Angelis pensar em Penélope como protagonista. A espanhola ainda não aceitou a proposta, porém as negociações estão indo de vento em popa.


Penélope e Maria Callas

sábado, 22 de setembro de 2007

Leonor Watling

Leonor Ceballos Watling, filha de uma britânica, que lhe deu esse nome em homenagem a Leonor de Aquitania, percussora do feminismo. A mais nova de uma grande família de dois rapazes e duas moças, nasceu em Madri, na Espanha no dia 28 de Julho de 1975.

Seu primeiro desejo profissional era ser bailarina e aos oito anos já iniciava seus estudos em balé clássico na Escola Nacional de Dança. Amante da música, especialmente do jazz e soul. Ela teve participações em corais de Federico Chueca e San Jorge, em um coro gospel da igreja Anglicana de Madri além de ter feito parte de diversos grupos como por exemplo a Sociedad Protectora del Soul.

Porém Leonor estava realmente decidida a ser atriz e deu seus primeiros passos no teatro amador em diversos centros culturais. Em 1993, se tornou uma debutante na grande telona e despontou com o filme “Jardines colgantes” de Pablo Llorca.

Posteriormente foi para Londres para estudar no Actor's Center, participou de séries televisivas, tais como: “Hermanos de leche”, “Farmacia de guardia” e o “Querido maestro”. Porém, a sua grande paixão era realmente o cinema e manteve uma efetiva participação da telona a partir da segunda metade dos anos 90. Foi candidata ao prêmio Goya como a melhor atriz protagonista por “La hora de los valientes” (1998), de Antonio Mercero.

Em 2002, novamente disputou o Goya como melhor atriz protagonista pela estréia na comédia “A mi madre le gustan las mujeres”, de Daniela Fejerman e Inés París, atuou como Elvira, uma mulher neurótica e desequilibrada que quase surta quando a sua mãe (Rosa María Sardà) anuncia que iria se casar com uma outra mulher.

Em 2004 protagonizou “Inconscientes” de Joaquín Oristreill e “Crônicas” de Sebastián Cordero, uma coprodução entre o México e o Equador. Em 2007 nos trás a sua participação com o filme “Teresa, muerte y vida” de Ray Loriga. Para 2008 esperamos ansiosamente sua atuação em “Crímenes de Oxford” de Alex de la Iglesia.

Paralelamente a sua carreira de atriz, Leonor tem se saído bem como cantora e compositora do grupo Marlango, que já possui quatro discos: Marlango (2004), Automatic imperfection (2005), Selection (2006) e The electrical morning (2007).

Fiquem agora com um vídeo com uma entrevista de Leonor Watling à Luis Alegre.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Julio Medem

No Brasil, o único filme de Julio Medem lançado em DVD foi "Lucía y el Sexo", em 2000, seu quinto filme e, certamente, o seu melhor. Mas esse cineasta basco - hoje já renomado e amplamente reconhecido na Espanha e toda Europa - estreou em longas no ano de 1992, com o filme "Vacas", que concentraria todas (ou quase) marcas do que viria a caracterizar o cinema de Julio Medem. Desde o início mostrando-se como um cineasta-autor, com seu estilo específico, Medem chamou atenção tanto do público como da crítica com a história de uma família basca envolvida em rivalidades e paixões. O ambiente rural, os diálogos excêntricos, a montagem poética, o universo onírico e fantástico, tudo isso fez de "Vacas" uma das estréias mais empolgantes do cinema espanhol do início dos anos 90.

Com tanto sucesso, o ano seguinte acabou sendo fácil para Medem, que lançou seu segundo longa, "La Ardilla Roja" (O Esquilo Vermelho, lançado no Brasil em VHS), com praticamente os mesmos atores do filme anterior, em papéis, claro, bastante distintos, o que acabou se tornando outra marca do diretor. A história de um amor envolvido numa teia de mentiras dá forma a um filme bem mais maduro que "Vacas", com muitas técnicas narrativas aprimoradas e uma clara evolução nas suas principais marcas como diretor e também roteirista. Em "La Ardilla Roja" percebe-se mais claramente como Medem se mantem dentro de uma estrutura própria, como a forma como usa os diálogos e cenários, por exemplo. Seu segundo longa foi aclamadíssimo e, então, no ano de 1993, já ninguém tinha dúvida de que havia nascido na Espanha um cineasta no mínimo especial.

Esse universo onírico de Julio Medem, que muitas vezes foi comparado ao estilo de cinema de David Lynch, foi mais uma vez primorosamente apresentado no seguinte longa do diretor, "Tierra" (1995), que contava a alucinante história de Angel, um homem que vai a uma região rural de San Sebastián para acabar com a praga de um inseto nas vinhedas. Mas Angel acaba por abalar um pouco a aparente tranquilidade do povoado, principalmente por sua cabeça imaginativa e por crer que é metade anjo, metade homem. A partir desse argumento, Medem cria um universo especial em volta de Angel para discutir questões como a vida, a morte e a ilusão - temas que, de uma forma ou de outra, estão presentes em toda a obra do diretor.

Em 1998, Julio Medem lançaria aquela que seria considerada em muitos países a sua obra-prima, "Los Amantes del Círculo Polar" (Os Amantes do Círculo Polar, lançado no Brasil em VHS). Sem dúvida esse filme foi uma quebra na carreira de Medem. Suas temáticas continuavam essencialmente as mesmas, mas talvez pela primeira vez Medem resolveu sair dos limites físicos do seu querido País Basco e contar uma história "universal" até mesmo em seus detalhes de cena. É uma história de amor e de coincidências, onde o limite está no céu da Finlândia e na linha do Círculo Polar Ártico. Totalmente envolvido de poesia e metáforas muito fortes, Medem conquistou o mundo inteiro com essa triste história de amor, tragédias e casualidades.


E foi ainda tomado pela emoção da sua personagem em "Los Amantes..." que Julio Medem, dois anos depois, lançou "Lucía y el Sexo" (Lúcia e o Sexo, 2000), o filme que, segundo o próprio, viria a libertar do seu sofrimento o personagem do seu filme anterior. Foi com esse filme que Julio Medem ficou conhecido aqui no Brasil, ainda que alguns atentos já tinham se dado conta da sua existência com alguns dos filmes anteriores. "Lucía y el Sexo" foi exibido em muitas salas de cinema do Brasil e pelo mundo ganhou uma quantidade enorme de prêmios. Para os já fãs do trabalho do diretor, a história dessa mulher que, após pensar que o namorado está morto, foge para uma ilha em busca de tranquilidade, é somente a consagração de um cineasta autor, original, inspirado e com uma linguagem própria bastante peculiar.

Então, Julio Medem já era uma estrela. E usando da sua influência resolveu, em 2003, gravar um documentário sobre o polêmico conflito basco, que muito lhe é caro. "La Pelota Basca - La Piel Contra la Piedra" mexeu com um tema bastante complicado dentro do contexto espanhol e Julio Medem esteve, por alguns anos, no centro de uma batalha na qual a quantidade de aliados era a mesma de inimigos. Por falar abertamente da situação atual do País Basco, do ETA, do euskera (lingua do país) e outros temas pertinentes, o diretor foi alvo de muitas críticas e boicotes, mas também de muito apoio popular. Houve um verdadeiro movimento de boicote ao filme, ao mesmo tempo que outro movimento apoiava o documentário, julgando-o necessário para que não só os espanhóis, mas o mundo inteiro se enterasse do que de fato acontece dentro do País Basco.

Tudo isso resultou num inferno astral para Julio Medem, que entrou em depressão e quase desiste do cinema. Mas acabou voltando com um projeto audacioso e, segundo ele mesmo, bem diferente de tudo o que já havia feito. Trata-se de "Caótica Ana", que acaba de ser lançado nos cinemas espanhóis e já divide opiniões. Conta a história de Ana, uma pintora (personagem baseado na falecida irmã do diretor) que faz uma estranha viagem ao seu inconsciente. O longa ainda não tem previsão de estréia no Brasil.



Julio Medem, durante toda sua filmografia, trabalhou quase sempre com os mesmo atores e equipe técnica, outra característica forte de sua autoria no cinema. Atores como Emma Suaréz, Carmelo Gómez, Txema Blasco, Nancho Novo e Karra Elejalde são alguns dos que trabalharam com ele em pelo menos três filmes seguidos. Também atores como Javiér Cámara, Paz Vega e Najwa Nimri ficaram conhecidos somente depois de estar em um dos seus filmes, sendo logo "roubados" por cineastas como Alejandro Amenábar e Pedro Almodóvar. Também o músico Alberto Iglesias (hoje conhecido pelas trilhas sonoras dos filmes de Almodóvar e pela de "O Jardineiro Fiel", de Fernando Meirelles) foi o responsável pela trilha sonora de todos os filmes de Julio Medem, com exceção de "Caótica Ana", o que representa ainda mais um detalhe da profunda mudança pela qual passa o diretor.

Mas de qualquer forma, com profundas transormações ou não, o fato é que Julio Medem é uma figura essencial na cinematografia espanhola, não só pelo seu sucesso e projeção internacional, mas por representar uma outra linha, outra estilo de se fazer cinema dentro de uma filmografia nacional muitas vezes repetitiva. Medem conseguiu imprimir suas peculiaridades em filme muito particulares e que, ainda por cima, caíram na graça do público, e o cinema espanhol já não pode ignorá-lo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fernando León de Aranoa

O cineasta madrileño Fernando León de Aranoa é talvez um dos mais premiados cineastas espanhóis, contando com sua curta carreira. Diretor de somente quatro longas-metragem de ficcção (e um documentário), Aranoa recebeu pelo menos um Goya por cada um deles, sem contar prêmios de outros festivais espanholes e internacionais. Talvez seja pela sua escolha por temas "realistas", como gosta de dizer, filmes que se aproximem da vida real das pessoas reais. Aranoa sempre diz que seus filmes têm "afetos especiais", e não os "efeitos especiais" dos filmes hollywoodianos, dos quais não gosta muito.

Seja como for, Fernando León de Aranoa desde o início se mantem fiel ao tipo de cinema que deseja fazer, em geral dramas que querem marcar um determinado momento da vida ordinária de personagens ordinários, no intuito de provocar reflexão sobre detalhes da nossa vida real de cada dia. Seu primeiro longa, "Familia" (1996), já deixa isso bem claro. O filme conta a história de um homem solitário que contrata a família ideal para celebrar seu aniversário. Sua opera prima lhe rendeu o Goya de Melhor Diretor, e no Festival de Cinema de Miami faturou ainda os prêmios de melhor filme e melhor ator (Juan Luis Gallardo).

Em 1998, Aranoa estreou seu novo filme, "Barrio", que acompanha a trajetória de três adolescentes que vivem num bairro marginal em Madrid. Mais uma vez o cineasta é estrela do Goya, com três prêmios: direção, roteiro e atriz revelação (Marieta Orozco). Em 2001, Fernando León de Aranoa dirigiu seu primeiro documentário, "Caminantes", antes de começar a rodar aquele que é talvez o seu mais bonito e expressivo filme: "Los Lunes al Sol" (Segundas-feiras ao sol, 2002). O longa trata de um problema que também existe na Espanha e é cada ano mais crônico, o desemprego. Um grupo de homens forçados a parar de trabalhar vive o dia-a-dia do desemprego e da dificuldade de disputar com os jovens um novo lugar no mercado. Estrelado por um magnífico Javier Bardem, o drama de Aranoa é de uma sensibilidade e ao mesmo tempo crueza que afeta e agrada.

E, claro, com "Los Lunes al Sol" não foi diferente, ganhou cinco prêmios Goya: melhor filme, diretor, ator (Javier Bardem), ator coadjuvante (Luis Tosar) e ator revelação (José Ángel Egido). Contando com o monte de prêmios que o filme levou mundo afora, esse foi definitivamente o filme mais festejado de Fernando León de Aranoa, e o único lançado aqui no Brasil. Foi exibido em algumas mostras por aqui (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília) e pode ser facilmente encontrado nas locadoras.

O último filme de Aranoa só foi lançado em 2005, "Princesas". O longa conta a história de duas prostitutas, uma espanhola e outra imigrante, e permeia as dificuldades que elas têm em viver a vida que levam. O filme enfoca também a questão da imigração, ainda que de modo quase imparcial, já que o diretor não dá maior voz a nenhum personagem que se manifesta sobre o assunto. "Princesas" toca em dois assuntos delicados ao povo espanhol, mas o longa se concentra muito mais em dar lugar às emoções de duas mulheres que não têm muitas perspectivas de vida, mas que não deixam nunca de sonhar. E os sonhos, os pequenos desejos, os detalhes da vida ordinária de cada dia é o que interessa a Fernando León de Aranoa ao construir seus personagens e criar suas bonitas histórias. Quantos Goyas o filme faturou? Melhor atriz (Candela Peña), melhor atriz revelação (Micaela Nevaréz) e melhor canção (Me llaman calle, de Manu Chao).

Em 2007, Aranoa participou de um filme em conjunto, produzido por Javier Bardem, chamado "Invisibles", uma série de curtas sobre problemas sociais com foco nos excluídos do mundo inteiro, ao lado dos cineastas Isabel Coixet, Wim Wenders, Mariano Barroso e Javier Corcuera. Seu curta se chama "Buenas Noches, Ouma", e retrata o drama de milhares de crianças da Uganda que caminham todas as noches tentando não serem sequestrados por soldados. O diretor impressionou ao abusar dos belos cenários naturais de Uganda e ao mostrar a história dessas crianças com toda a poesia, cuidado e expressividade característica da sua direção.

Assista ao trailer de "Princesas":